Cruz, Lúcia Pedroso da, 1956 – Bento Quirino e COTUCA : os passos do ensino profissional em Campinas.
Resumo : Este trabalho apresenta uma leitura de aspectos históricos de duas instituições de Ensino Profissional do município de Campinas, São Paulo. Ambas ocuparam, em tempos diferentes, um espaço especialmente construído para o funcionamento de uma escola de formação profissional, no início do século XX. O Instituto Profissional Bento Quirino ocupou o referido espaço de 1915 a 1965. O Colégio Técnico da Unicamp (COTUCA) iniciou suas atividades em 1967, teve sua instalação oficializada em 1970 e ainda permanece no local. Portanto, o estudo delimitou um recorte temporal de 1915 a 1970. Documentos diversos, tais como: atas, relatórios, artigos de jornais e revistas da época, fotografias, entrevistas e legislação referente ao Ensino Profissional no Brasil serviram de base para a pesquisa. Contribuíram para as análises, aportes do campo da História. Esses documentos permitiram elaborar uma reconstrução histórica permeada por elementos de ordem política, social e cultural do referido período

Sadalla Filho, Michel, 1958 – O projeto da UNICAMP para os seus Colegios Tecnicos = uma abordagem pela institucionalização do COTUCA.
Resumo: O Colégio Técnico de Campinas (Cotuca) iniciou suas atividades em 1967, sendo, ao lado do Colégio Técnico de Limeira (Cotil), uma das duas unidades de Ensino Técnico e Ensino Médio da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Esta pesquisa objetivou analisar a relação da UNICAMP com seus Colégios Técnicos, focando o Cotuca em algumas situações específicas. Buscou responder algumas perguntas, dentre elas: Qual o projeto da Universidade Estadual de Campinas para os seus Colégios Técnicos? Qual deveria ser a pauta de discussão para encaminhamento futuro do Cotuca e do Cotil? Nesta pesquisa do tipo qualitativa, utilizamos como técnicas de coleta de dados o levantamento documental e a realização de entrevistas semi-estruturadas. Para o primeiro caso foram analisados documentos oficiais da Universidade, como Estatutos, Regimento Geral, Portarias e Resoluções da Reitoria, Atas e Deliberações do CONSU; bem como legislação Federal e Estadual. Com relação às entrevistas, foram ouvidas 44 pessoas, a maior parte docentes e dirigentes da Universidade em diversas épocas (Reitores, Pró- Reitores, Diretores dos Colégios, Coordenadores de Cursos) e também professores e diretores de Colégios Técnicos Universitários pertencentes à UNESP e a Universidades Federais. O trabalho foi estruturado com base em sete eixos temáticos denominados por nós de Pilares de Sustentação da Pesquisa, devido a nos possibilitar a caracterização e a qualificação da relação UNICAMP – Colégios Técnicos em diversos aspectos e, portanto, embasar ou ainda sustentar nossa argumentação acerca desta relação entre a Universidade com seus Colégios Técnicos ao longo do tempo. Os três primeiros Pilares trataram da vinculação e da importância institucional e orçamentária dos Colégios, a sua representatividade no CONSU; situações em que os Colégios estiveram na Agenda de Discussão da UNICAMP, como o Planejamento Estratégico; a conveniência da UNICAMP estender sua autonomia aos Colégios, que respondem aos órgãos estaduais de educação. Outros três Pilares trataram do processo de institucionalização dos Colégios, abrangendo a carreira docente, a participação da comunidade na escolha de seus Diretores, e a implantação do órgão colegiado deliberativo. O último Pilar abarcou o problema das instalações prediais do Cotuca, como algo que se arrasta por mais de quarenta anos, tentando descobrir não apenas o porquê ainda não se conseguiu resolvêlo, mas, principalmente, entender quais seriam os impactos desta mudança. Da análise dos dados e entrevistas destacamos: i) o projeto que a UNICAMP vislumbrava para seus Colégios, de funcionarem como um espelho dos cursos das Faculdades de Engenharia malogrou completamente; ii) a carreira MST foi o instrumento de maior importância para a a constituição dos Colégios, pois permitiu a fixação do corpo docente de boa qualidade; iii) a retomada da importância institucional dos Colégios à partir do final do século XX, e iv) a necessidade de discussão da política universitária para os Colégios Técnicos em suas comunidades, a Comissão de Ensino Médio e Técnico, abrangendo, dentre outros, a sua interação com Institutos e Faculdades, a representação no CONSU, a realização de pesquisas e a transferência do Cotuca para o campus.

Tirello, Regina & Gonçalves de Freitas, Pedro. (2015). A carpintaria dos edifícios escolares paulistas de Ramos de Azevedo: o caso exemplar da Escola Profissionalizante Bento Quirino em Campinas.
Resumo: Os históricos edifícios escolares projetados pelo engenheiro-arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851-1928) constituem-se em obras significativas de modos de construir e opções programáticas da Primeira República no Brasil. Protegidos pelo órgão de preservação estadual, intervenções de restauro e/ou manutenção nesses edifícios devem ser planejadas à luz dos conceitos e normativas que regem a preservação dos bens culturais. No entanto, reformas pontuais ou emergenciais, como mudanças de padrão de forros, revestimentos e caixilhos, vêm introduzindo ao longo dos anos elementos que tem contribuído, ainda que involuntariamente, para a gradual descaracterização de ambientes e fachadas. O trabalho que apresentamos neste evento corresponde à mensuração e estudo detalhado da cobertura complexa da antiga Escola Profissional Bento Quirino (1916), sede do Colégio Técnico da Universidade Estadual de Campinas (COTUCA) desde 1967 e interditado por problemas nas estruturas em madeira de sua cobertura em 2014. Relata-se o registro dos elementos de difícil acesso – entre amarrações de tesouras, engastes, qualidade das madeiras, forros, entre outros –, com a função de extrair informações prioritárias para a postulação de critérios de intervenção. Releva-se a necessidade de compreensão da história técnica da carpintaria regional, pouco documentada, das escolas republicanas paulistas, esperando-se a qualificação futura de intervenções de conservação e restauro de edificações similares.

Meneghel, Stela Maria – Zeferino Vaz e a UNICAMP : uma trajetoria e um modelo de universidade.
Resumo: A Universidade de Campinas foi criada por lei em 28 de dezembro de 1962 e começou a funcionar já no ano seguinte com o curso de Ciências Médicas. No entanto, a sua efetiva implantação como Universidade deu-se somente a partir da nomeação de uma Comissão Organizadora da Universidade designada pelo Conselho Estadual de Educação em 1965. O modelo tecnocrático que esta Comissão propôs para a Unicamp em 1966 – baseado nos princípios da racionalidade, eficiência, produtividade e economia assemelhava-se em muito ao que fora elaborado para a Universidade de Brasília, no início da década de 60, por vários intelectuais e cientistas brasileiros. E estava, também, em plena sintonia com as diretrizes do MEC-USAID para o Ensino Superior que mam culminar com a Lei da Reforma Universitária decretada em novembro de 1968. A execução desta proposta contou com a colaboração de uma equipe de cientistas famosos de diversas áreas do conhecimento, sob a coordenação do Prof Dr. Zeferino Vaz. Este era bastante conhecido nos meios acadêmicos do país devido à sua atuação em outras instituições universitárias: fora diretor da Faculdade de Medicina Veterinária da USP; criador e diretor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP; presidente do Conselho Estadual de Educação e reitor-interventor da UnB. Esta trajetória do Prof Zeferino Vaz deu-lhe não só experiência administrativa mas também trânsito político nos governos estadual e federal, beneficiando a Unicamp na aquisição de recursos para sua implantação e em seu desenvolvimento, que deu-se à margem de perseguições políticas e ideológicas comuns nas instituições públicas da época. A despeito de uma administração centralizadora e autoritária, as estratégias de marketing, gerenciamento empresarial e produtividade acadêmica utilizadas pelo Prof. Zeferino à frente da Unicamp possibilitaram que esta crescesse sem burocracia e que se mantivesse autônoma e livre de intervenções militares.

346942238-2008-Restauro-Fotos-Cotuca – Fonte: Arquivo Central da Unicamp – SIARQ – “Documentação prevista na Resolução 16/64 do C.E.E. (Conselho Estadual de Educação) para instalação do Colégio Técnico Industrial de Campinas (Cotuca), enviada à Universidade Estadual de Campinas em 04 de Dezembro de 1970.